A MELHOR CRÍTICA É A DO(A) LEITOR)A)

Antes de terminar a leitura de O Legado do Profeta, a professora Kátia Rosário Aguiar presenteou-me com um comentário no Instagram que transcrevo a seguir:
“Estou encantada com os personagens, quero guardar as peculiaridades de cada um, pois, ainda que alguns demonstrem fraquezas humanas há, sutilmente, algo revelador e profundo em seus universos particulares que precisamos refletir e melhorar em nós mesmos! Estou a terminar de ler e, a cada capítulo, sinto-me honrada, como um clã, pela riqueza descritiva de cenário, personagens e fantasias. Quero saber se encontrarão o Papiro do Profeta!? Já estou concluindo…”
Claro que agradeci. Em resposta, ela disse:
“Ansiosa para ler o segundo… As histórias precisam fortalecer a nossa liberdade de pensamento… Você se apresenta como um escritor que promove isso!”
Após concluir a leitura do Livro Um da trilogia A Honra do Clã – O Legado do Profeta, Kátia escreveu:
“Com o pseudônimo de N. O. C. Dutsen, o escritor da trilogia A Honra do Clã inicia esse projeto narrativo com o primeiro volume, O Legado do Profeta, revelando uma habilidade ímpar de mergulhar na formação cultural de uma Nação, cujo nome é Nahiyar, lugar onde escolhera para a performance de fantasias, histórias, lendas e crenças do povo Mazaunin. A ficção avança, compulsivamente, pelo desejo comum desse povo de encontrar o Papiro do Profeta. E, para tal, o escritor evidencia, com palavras oportunas, as peculiaridades das regiões de Nahiyar, desde os princípios morais que impulsionam os clãs, até as diferenças culturais, econômicas e, sobretudo, sociais. Dessa maneira, a narrativa avança nos convidando a participar politicamente das cenas, tão bem detalhadas que chegamos a pensar estar protagonizando a história, ora como Shugaba, ora como simples servidor do clã, como Conselheiro, como vidente ou apenas como povo que segue acreditando que o Criador nos salvará das tempestuosas investidas da ambição humana.
“Não obstante, N. O. C. Dutsen, a cada capítulo, impulsiona o leitor a perceber a participação feminina nesse universo extremamente masculino, cujos clãs, conforme os seus princípios, acolhem ou subjugam a perspicácia e sabedoria das mulheres. A história nos propõe um reflexão iminente da formação cultural, geográfica, ambiental e social de um povo, além de proporcionar uma leitura sobre o potencial humano de resistir com suas crenças, identidade, mesmo se divergindo entre si. Ao ler O Legado do Profeta, enxerguei as veias latejantes dos Pashtuns (ancestrais de Malala Youzafzai) pulsarem como remanescentes da resistência e da dignidade. E ainda me lembrei das sábias palavras do Cacique Seattle: ‘ninguém compra ou vende o céu, nem o calor da terra, como poderá comprá-lo de nós?’ Desse modo, deparamo-nos com momentos de contemplação filosófica que nos remetem a refletir sobre a ambição, a vaidade, a riqueza, a injúria, e como o povo reage a tais comportamentos. Gratidão a N. O. C. Dutsen por me permitir debruçar em palavras tão sobrepostas, alinhadas e polidas para contar a história de um povo”.
Óbvio que expressei minha gratidão pela gentileza de suas mensagens e meu reconhecimento pela resenha crítica e pela sensibilidade do seu olhar sobre o livro, sobre a narrativa. E o fiz com estas palavras, que bem sintetizam o que me move enquanto escritor:
— O caráter libertador, o caráter emancipatório da literatura precisa ser preservado em cada livro, em cada história. É isso que persigo. Nenhum livro deve ser um fim em si mesmo. Livro deve ser sempre meio. Meio de libertação, de crescimento, de descoberta, de realização, de socialização do pensamento, de humanização do(a) leitor(a). Para mim, o livro é — senão a maior — uma das forças mais poderosas de uma sociedade. Não é à toa que os opressores odeiam os livros!