PARA QUE A BONDADE?

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Cruzando o Caminho do Sol, de Corban Addison, é um livro forte, que conta a vida de duas adolescentes que viviam na Índia quando uma tragédia se abate sobre sua família e elas se veem sozinhas no mundo. Trata de temas sensíveis como tráfico de mulheres, prostituição, exploração infantil, corrupção e promove uma reflexão profunda sobre o mundo em que vivemos, a sociedade da qual fazemos parte, perpassando questões éticas cuja discussão se mostra relevante e, mais que isso, absolutamente necessária.
Em determinado momento, o autor escreve: “confrontada com a escolha entre a amargura e o amor, Ahalya havia escolhido o amor”. Para mim, soa profundamente significativa essa frase, porque, quando terminei a leitura do livro, fui levado a refletir nas escolhas que fazemos, na postura que adotamos diante das variadas circunstâncias da vida. No final das contas, não são os fatos que têm mais relevância. O mais relevante para nossa história pessoal é como reagimos diante dos fatos.
Em A Honra do Clã alguns personagens também nos conduzem a reflexões semelhantes. Um deles — cujo nome não mencionarei neste texto para evitar spoiler — é um personagem que se desenvolve na narrativa de uma forma extraordinária. A ascensão do personagem no decorrer da história está intimamente relacionada à sua capacidade de superação. Inicialmente, tudo parece conspirar contra ele, porém, aos poucos, ele vai adquirindo autoconfiança, coragem e, ao fim, sentindo-se suficientemente emancipado, liberto das limitações que o atavam e prendiam a uma situação de inferioridade social e consequente autoestima reduzida, escolhe ser bom e revela a invulgar grandeza dos que, apesar dos contratempos e dificuldades, escolhem o amor.
O livro é, pois, onde imprimimos nosso pensamento e que imprime em nós sinais indeléveis. O livro tem o condão de nos revelar nossas próprias verdades, que geralmente nem sabíamos que sabíamos. O encontro do leitor com o livro é um aperto de mãos mágico entre autor e leitor, um bate-papo entre dois velhos amigos, um encontro sobre o qual não incide o poder do tempo ou do espaço. E nesse encontro surreal, algumas verdades nos atingem em cheio e nos fazem refletir como não o faríamos em outra circunstância. Como a frase marcante de Corban Addison em Cruzando o Caminho do Sol: “entre a amargura e o amor […] havia escolhido o amor”, nosso personagem de A Honra do Clã diz: “precisamos ser bons. Não deveríamos ver isso como opção, mas como a única alternativa para sermos felizes”.
É por isso que o livro é mágico. Um livro é a eternidade!

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