EMPATIA

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Faz-se necessário ― e urgente ― que nos detenhamos o tempo que for preciso para falarmos sobre empatia. Esta palavra simples guarda em si a conceituação ― e a descrição ― não apenas de um sentimento, mas de uma conduta, mais que isso, de um modo de viver e se relacionar, de enxergar o outro e definir a si mesmo.

Essa capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreender o semelhante, essa aptidão de identificação com o próximo, de sentir o que o outro sente é, sem dúvida, imperativo para uma conviência harmônica, caracterizada por interrelações definidas pela expressão de fraternidade, solidariedade, respeito e justiça.

Para a sociologia, empatia é a “compreensão do ‘Eu’ social a partir de três recursos: enxergar-se de acordo com a opinião de outra pessoa; enxergar os outros de acordo com a opinião de outra pessoa; enxergar os outros de acordo com a opinião deles próprios (https://www.dicio.com.br/empatia/).

Sob qualquer ângulo que se examine a empatia, vê-se que é uma necessidade humana ― individual e coletiva, portanto, social. O escritor Flávio Rotman traz alguns textos formidáveis sobre empatia. Transcrevo aqui dois deles. O primeiro: “Não faça aos outros aquilo que lhe é detestável. Tudo o mais é comentário. A moralidade humana, a maneira como ele se comporta com o seu próximo, é a prova de como o homem se comporta com Deus” (Rotman, Flávio. Amém – o povo judeu fez um pacto com Deus. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2006, pág. 18).

A sociedade ocidental, predominantemente cristã, tem perdido, perceptivelmente, os princípios elementares de suas origens religiosas. O secularismo, o individualismo e o egoísmo explícito em suas relações têm se constituído numa marca de estranha visibilidade a identificar o cristianismo contemporâneo. Tem faltado empatia!

Rotman dá um passo adiante em suas observações: “O homem foi criado em fraternidade com todos os outros homens. Uma vez que somos igualmente preciosos à sua vista, devemos aprender a encarar uns aos outros através dos olhos de Deus. Somos os guardiões do nosso irmão, presos uns aos outros por um ato de divina criação, pela fraternidade” (Rotman, Flávio. Amém – o povo judeu fez um pacto com Deus. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2006, pág. 19).

Há, inegavelmente, uma vinculação muito estreita entre as grandes religiões e a fraternidade. Nos dois textos citados, o autor remete ao judaísmo, porém, podemos dizer, com toda segurança, que tais enunciados se aplicam às demais religiões predominantes no mundo ― senão a todas elas. O fato é que somos todos interdependentes e temos o dever comum de cuidarmos uns dos outros, nos colocarmos no lugar do outro e desenvolvermos, sempre, uma relação de fraternidade com os nossos semelhantes.

Esse sentimento perpassa a narrativa de A Honra do Clã de modo profundamente marcante. O senso de pertencimento que integra os membros de cada Clã e de cada Região é forte e carregado de simbolismo. A unidade dos Mazaunin de Nahiyar no propósito da grande busca que motiva a jornada pelas terras selvagens de Yankin, embora tantas vezes quebrada, se reintegra, se refaz, porque esse sentimento tem um poder extraordinário.

Nós, seres humanos, dependemos uns dos outros. Junte-se ao Clã!

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