A ARTE TEM FUNÇÃO?

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Quando O Tocotó de Mulifange (Edições Uesb, 2002) ganhou o Prêmio Zélia Saldanha (contos, edição 2001), a premiação foi uma edição de 1.000 (um mil) exemplares, que não demoraram a se esgotar. Foi meu primeiro livro publicado. Escrevi uma introdução na qual me refiro à questão posta no título, pois, algumas semanas antes, tinha lido a afirmativa de um jornalista de que a arte não tem função. Diante disso, pus-me a pensar e não encontrei elementos ou justificativas que me convencessem da veracidade de tal conclusão.

Entendo que a arte não deve ser tomada exclusivamente pelo seu aspecto estético (há, inclusive, “função” na estética). Há um conjunto de elementos inerentes ao objeto artístico, à criação artística, que, naturalmente, penso, lhe conferem, além de um (ou vários) significado(s), uma função subjacente que, evidentemente, pode escapar a alguns observadores, mas que, invariavelmente, existe. Por isso, concluí que a arte tem função, e isso não podemos negar sem incorrermos em erro.

Enquanto escritor, sendo a literatura uma forma de arte, sou um artista. Percebo, na minha produção artística — bem como em todas as outras formas de arte —, diversas funções. O vocábulo “função” tem vários significados e o que pretendo abordar — e aplicar — aqui é o de serventia, no sentido de utilização para um propósito. Para que alguém escreve? Por que escreve? Evidentemente, a função da literatura não é uma só. Podemos citar uma série de funções (serventia, propósito, objetivo, finalidade).

A literatura é arte, forma de expressão peculiar, que se apresenta em diversos formatos, abrigando infinita variedade de estilos, temas, configurando-se em verdadeiro tesouro da linguagem e da imaginação. A arte literária informa, educa, distrai, diverte, emociona, ensina, denuncia, revela, conta, eleva o espírito, inspira, provoca, produz reflexão, relaxa, motiva, entre outras “funções”. O(a) escritor(a) escreve, sempre, por algum motivo. Toda literatura serve para alguma coisa.

Portanto, como anotei há vinte e três anos, não tenho dúvidas de que a arte tem função (ou funções) e é imprescindível para o desenvolvimento das sociedades. Nesse contexto, a literatura emerge como um dos pilares da sociedade, um dos mais importantes elementos de identidade dos povos e indispensável para o compartilhamento de histórias, emoções, pensamentos, sonhos e realidades da sociedade humana.

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