UM DIÁLOGO SOB AS ESTRELAS

(Trecho do capítulo 26 de O Legado do Profeta).
Jarumi Matasa afastou-se do centro do acampamento. Foi andando entre as tendas. As fogueiras que ardiam na noite. Um vulto feminino estava de pé na orla do acampamento, um facão pendido na cintura e uma lança numa das mãos, apoiada ao solo, apontando para o céu estrelado. “Uma guerreira”, concluiu Jarumi. Aproximou-se e a guerreira virou-se para ela.
— Kailê! — saudou Jarumi, reconhecendo a guerreira Peregrino.
— Magaji! — respondeu a guerreira, identificando a herdeira de Leão.
— Gosta da quietude da noite, guerreira? — indagou Jarumi Matasa.
— A quietude é boa! — respondeu Kailê. — Mas amanhã estaremos no Caminho do Funil e talvez não seja tão quieto.
— Será uma longa jornada. — disse Jarumi Matasa. — Longa e perigosa. O que você espera dela, Kailê?
— Fazer o que for preciso, magaji. — respondeu Kailê. — Ainda nem saímos de Nahiyar e já começamos a ter problemas. Não será uma convivência fácil.
A magaji ficou em silêncio, pensando. Depois, expressou sua concordância com a guerreira do Leste:
— Yankin nos assombra, guerreira. Desde pequenas ouvimos as histórias mais extraordinárias sobre os lugares mágicos e as criaturas fantásticas de Yankin, e tão poucos estiveram lá e voltaram para contar o que viram! Os Mazaunin estão tensos. Você teve uma boa ideia em buscar a quietude e vir contemplar o silêncio nesta última noite em Nahiyar.
— É uma noite do Norte, magaji. — disse Kailê. — Quieta e quente.
— É. — anuiu Jarumi Matasa, com um sorriso, levantando os olhos mais uma vez e fitando o infinito pontilhado de vagalumes prateados. — Uma noite do Norte!