QUEM ESCREVE O LIVRO?

A uma pergunta aparentemente tão óbvia, ocorre-nos, evidentemente, a resposta natural e automática: o escritor. Do ponto de vista da ação em si, certamente não poderia ser outra a resposta. Acontece que, se de fato quisermos compreender alguma coisa, forçosamente teremos que examiná-las a partir de vários pontos de vista — ângulos diferentes — que poderão nos conferir a possibilidade de verificar as nuances que permeiam qualquer circunstância.
Por exemplo, quando escrevemos um romance, uma crônica, um conto, um poema que flui com naturalidade, num ritmo constante, e somos envolvidos pela escrita de tal maneira que o livro simplesmente vai “acontecendo”, costumamos dizer que o livro se escreve sozinho. Claro que é uma metáfora, mas é o que é. Há livros que se escrevem sozinhos.
Por outro lado, se pensarmos que o leitor, ao ler o livro, imprime nele suas emoções, suas sensações, todo o conjunto maravilhosamente único de sua imaginação, percebendo a leitura a partir de suas próprias experiências e absorvendo o conteúdo segundo sua história de vida e visão de mundo, poderíamos dizer, sem medo de errar, que o leitor, de certa forma, também escreve o livro.
Isto nos leva a compreender que um livro não é uma obra individual. É uma construção coletiva, é um fazer dinâmico que envolve um compartilhamento de conhecimentos, sentimentos, emoções, sensações, enfim, é algo que experimenta uma infinidade de desdobramentos. Como um organismo vivo, o livro nasce e cresce. A diferença fundamental é que um livro não morre!
Belíssimo comentário, Natan!
Estava lendo o que você disse e, de repente, me deparei fazendo essa reflexão em relação à algumas crônicas que escrevi. Realmente, em algumas narrativas, parece que o texto é que está nos conduzindo!
Sem dúvida, Zé!
Gratidão por estar conosco.
Abraço!
N. O. C. Dutsen