O PODER E A GLÓRIA DA LITERATURA
Penso que a literatura que não se posiciona, que se contenta com o mero entretenimento barato é pobre, covarde e omissa. A literatura é um poderoso vetor de transformação social (porque, primeiramente, significa transformação humana, individual, de pensamento, de posicionamento diante da realidade). A literatura engajada, que assume a responsabilidade social, não é coisa do passado. Aliás, nunca se fez tão necessária ― mesmo imprescindível ― como agora. Em tempos de trevas e recrudescimento da ignorância política das massas, como este que ora vivemos, a literatura que toma posição, que não tem medo de escolher suas trincheiras e que, como dizia Castro Alves ― “faz o povo pensar” ― é vital para a sociedade.
Não se trata de panfletagem. Mesmo porque, se é panfletagem, não é literatura. Estou falando de LITERATURA. De Mia Couto, Luís Fernando Veríssimo, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Victor Hugo, Émile Zola, José Saramago, Castro Alves, Ferreira Gullar, Ernest Hemingway, Máximo Gorki, Anna Seghers, Pablo Neruda, Gabriel Garcia Marquez… Por isso, escrevo tanto com o coração quanto com a razão ― e não tenho medo nem vergonha de confessar que, sem dúvida, muito mais com o coração.
O mundo precisa de uma literatura que vibre, que ultrapasse certos limites e imposições dos que a querem submissa, castrada, resumida à mera diversão. Isso nunca será literatura. Literatura é vida pulsando, é cachoeira desabando da montanha, onda do mar beijando a praia, vento sacudindo a existência humana, chuva regando a imaginação, sol aquecendo os corações… Que seja a calma de uma tarde de verão na caatinga ou uma tempestade topical.
O que escrevemos, senão a vida? E a vida é respiração, movimento, é um fluir ininterrupto não apenas pelo tempo, mas, seguramente, também pelo espaço, pelo desejo, pela esperança, pela luta, pelo sonho, pelo imaginário, pela crença, pelo amor. Viver é um permanente sentir, um permanente, pensar, um permanente criar, um permanente fazer. Isso, em última análise, é escrever; isso é literatura. Então, leia um bom livro como quem lê a si mesmo, como quem lê o outro, como quem lê a vida.
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