A ÚLTIMA NOITE

2
229

Na noite que antecedeu o início da passagem pelo temível Caminho do Funil, a magaji do Clã Leão travou um diálogo interessante com Kailê, guerreira do Leste, sob as estrelas do céu de Nahiyar. Parte desse diálogo expressa a preocupação que era comum a todos os expedicionários diante do desconhecido que os aguardava. A cena está descrita no capítulo 26 (Presságios e Visões) de O Legado do Profeta, o Livro Um da trilogia A Honra do Clã:

— Yankin nos assombra, guerreira. Desde pequenas ouvimos as histórias mais extraordinárias sobre os lugares mágicos e as criaturas fantásticas de Yankin, e tão poucos estiveram lá e voltaram para contar o que viram! Os Mazaunin estão tensos. Você teve uma boa ideia em buscar a quietude e vir contemplar o silêncio nesta última noite em Nahiyar.

— É uma noite do Norte, magaji. — disse Kailê. — Quieta e quente.

— É. — anuiu Jarumi Matasa, com um sorriso, levantando os olhos mais uma vez e fitando o infinito pontilhado de vagalumes prateados. — Uma noite do Norte!

Yankin é uma terra mágica, cercada de mistérios e histórias fantásticas. Os poucos que a conheceram e retornaram contavam histórias de seres míticos e lugares ermos, de perigos jamais imaginados. A verdade é que se sabia muito pouco sobre Yankin, o continente selvagem além do Norte, para onde elas agora se dirigiam, sem fazer ideia do que teriam que enfrentar ou mesmo se conseguiriam sobreviver.

É possível entrever, nesse trecho do diálogo entre as duas mulheres proeminentes e seguras de si, que a tensão estava espalhada por todo o acampamento. Cinco mil pessoas, agasalhando sonhos e expectativas, também carregando no coração a ansiedade e, talvez, o medo do desconhecido. A magaji reconhece a tensão e compartilha com a guerreira do Leste sua preocupação com os Mazaunin.

Vê-se, também, que a busca por paz, por tranquilidade para acalmar o espírito, é uma busca geral que se expressa no encontro casual entre as duas mulheres. A magaji reputa uma “boa ideia” da guerreira “buscar a quietude” e “contemplar o silêncio”, deixando claro, ainda que de modo implícito, que essa era também sua necessidade. A guerreira do Clã Peregrino, por sua vez, associa a tranquilidade daquela noite à própria Região onde se encontram, a Região do Clã Leão, ao qual pertence a magaji.

É uma noite de encontros. Não só do encontro entre a magaji e a guerreira, mas um encontro de cada um consigo. O dia seguinte será marcante de várias maneiras. E a partir dali nada mais será como antes.

Quer acompanhar a magaji e a guerreira e cruzar com os expedicionários o temido Caminho do Funil?

Junte-se ao Clã!

2 comments

  1. Autor AHDC 22 agosto, 2023 at 11:07 Responder

    Leon, meu caro, gratidão pelos comentários.
    O Legado do Profeta traz na capa do livro uma referência a um momento tenso do início da jornada, que é a travessia do Caminho do Funil, que liga Nahiyar a Yankin. Particularmente, do local mais perigoso desse trecho do caminho, o Passo do Medo.
    Prepare-se para muitas emoções!
    Abraço!
    N. O. C. Dutsen

Publique seu comentário

Leia também