UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIOS

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No livro A Abolição do Homem, o escritor britânico (nascido em Belfast, capital da Irlanda do Norte) Clive Staples Lewis (1898-1963), discute a possibilidade real do “desaparecimento” do homem, de sua individualidade e autonomia a partir de um processo de verdadeira “deseducação”, sob o domínio de um modelo educacional/cultural baseado em premissas que levariam, fatalmente, à destruição do próprio homem como agente da História.

Lewis argumenta que a promessa de poder e progresso que vem embutida na filosofia pós-modernista, que questiona o sistema de valores universais e relativiza a moralidade e a verdade — por exemplo, entre outros valores — cobrará um preço por demais elevado ao homem. Diz ele: “uma vez que tenhamos vendido nossas almas, ou seja, nós mesmos, o poder assim conferido não pertencerá a nós” (C. S. Lewis, A Abolição do Homem).

Nesta obra, C. S. Lewis apresenta “uma defesa do conceito de valor objetivo e da lei natural”. É um livro que demanda muita concentração para sua leitura, pois se trata de uma crítica à filosofia designada como pós-modernismo, que considera a verdade como algo subjetivo e que relativiza tudo, inclusive, além da verdade, a universalidade, a razão, a realidade objetiva, a própria moralidade. Lewis depõe contra essa postura a partir do reconhecimento de valores universais, que denomina Tao. Segundo ele, esses valores estão impregnados em todas as culturas e religiões.

Com sua lógica rígida, Lewis argumenta em confronto a essa posição relativizante do pós-modernismo, deixando clara sua concepção de que esse pensamento em nada contribui para o desenvolvimento humano, sendo, em verdade, obscurantista e nocivo. Finalmente, defende que, ao tentar dominar a natureza de modo tão abrangente e completo, abraçando essa postura relativista, ignorando a lei natural e o Tao, o homem perderia suas características humanas, integrando-se de tal modo à natureza que isso causaria a abolição do próprio homem.

Evidentemente, isso não significa que não devamos nos integrar à natureza (no sentido da interação plena com a mesma), mesmo porque somos parte indissociável dela. O que precisamos compreender é que essa integração deve ser guiada por princípios que estão além das convenções e das interpretações que pretendam modificá-los. A integração homem/natureza é ontológica, histórica e simbiótica. E se estabelece sobre princípios e valores. A relativização dos princípios é perigosa para a humanidade, porque estes são o alicerce das relações sociais. A humanidade se desenvolveu historicamente sobre princípios basilares, que, se fragmentados ou enfraquecidos, poderiam pôr em risco todas as relações humanas, ocasionando insegurança e ruína.

Nessa perspectiva, A Honra do Clã desenvolve sua narrativa em torno de valores que são inafastáveis das relações entre os diferentes povos e culturas que compõem seu mosaico social. Enquanto muitos dos costumes são particulares, específicos, as práticas políticas e sociais encontram diferentes expressões, algumas crenças são peculiares a esta ou aquela Região, alguns aspectos basilares se estendem por todos os grupos sociais, se disseminando por toda a geografia de Nahiyar e Yankin, com maior ou menor penetração, com maior ou menor intensidade, porém, influenciando e moldando cada cultura.

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