“…UMA HISTÓRIA SE CONTA, NÃO SE EXPLICA”

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Meu ilustre amigo Elton Becker, em uma de suas crônicas magistrais, brinda-nos com uma pérola, cujo texto tomei emprestado para o título acima. Aliás, Elton também o tomou emprestado de outro exímio contador de histórias ― ninguém mais nem menos que Jorge Amado, ele mesmo, o menino grapiúna.

Nesse delicioso texto de Elton Becker, um parágrafo conciso é, para mim, o coroamento de sua crônica. Ei-lo: “a graça do romance não está no enredo, a poesia não está nos versos, por vezes ela está no coração. E é tamanha. A ponto de não caber nas palavras. Sobretudo porque imaginar é subir um tom e meio na realidade”. Pois bem, já que “imaginar é subir um tom e meio na realidade”, permitam-me deixar a imaginação bater suas asas.

A literatura é um deslumbramento permanente. Uma palavra bem colocada, uma frase que nos atinge como uma lufada de vento gelado na madrugada, despertando ― todos ― os nossos sentidos, fazem, por si só, valer a pena uma leitura. Eu nunca havia pensado que “a graça do romance” pudesse não estar no enredo. Bem, nos personagens, talvez. Mas os personagens são parte do enredo, são os elementos que espelham a humanidade dos leitores e que tornam possível a história fluir.

Não sei qual foi exatamente a intenção de Elton com essa afirmativa, mas, para mim, ele disse uma coisa extraordinária: não é a história, não é a construção do verso; é a emoção que a letra suscita em nós! E essa verdade que está rondando nossa mente, soprando de mansinho, sussurrando algo em nossos ouvidos, de repente, vibra, desperta, canta e dança no nosso pensamento. Tomamos consciência dela. “Está no coração”, no âmago, no inconsciente, mas é a emoção, essa coisa mágica que transforma uma pedra numa escultura, um jogo de tintas numa pintura, uma arrumação de palavras em poesia, um fato em uma história.

Ler um romance, um poema, um conto, uma crônica, ler, simplesmente ler, deve ser um ato de entrega. Não basta decifrar o código, vislumbrar o signo: não! É necessário abrir o coração, pois é lá que a leitura se realiza, que a mensagem é sentida ― ler um livro é um ato emocional, um ato de sentir!

É isso que, no fundo, quero proporcionar aos leitores com meus livros. Quer experimentar? Junte-se ao Clã!

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